“União Contra o Racismo: Autoridades, Clubes e Jogadores se Mobilizam em Defesa de Luighi, do Palmeiras”

O Episódio que Chocou o Futebol
Na noite de 6 de março de 2025, durante a vitória do Palmeiras por 3 a 0 sobre o Cerro Porteño pela Libertadores Sub-20, o atacante Luighi, de 18 anos, foi alvo de gestos racistas de torcedores paraguaios. Um homem, carregando uma criança no colo, imitou um macaco em direção ao jogador, que também recebeu uma cusparada ao deixar o campo. Luighi, visivelmente abalado, desabafou em entrevista: “Até quando vamos passar por isso? O que fizeram comigo é crime!” 147.
A reação do jovem jogador viralizou, especialmente quando questionou a Conmebol por ignorar o racismo na cobertura pós-jogo: “Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo? A Conmebol vai fazer o que?” 7.
Solidariedade Além das Rivalidades
O caso uniu clubes brasileiros em uma rara demonstração de união:
- São Paulo: “Nossa luta é contra o racismo, acima de qualquer rivalidade” 1.
- Corinthians: Repudiou os ataques e destacou a necessidade de combater a discriminação 1.
- Times cariocas: Flamengo, Fluminense e Botafogo também se manifestaram, exigindo punições exemplares 10.
- Vini Jr. (Real Madrid): Criticou a inação da Conmebol: “Até quando? Vocês nunca fazem nada!” 17.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, anunciou que buscará a exclusão do Cerro Porteño da competição e acionará a FIFA caso a Conmebol não puna os responsáveis 67.
Cobranças ao Poder Público e Entidades
- Governo Federal: Os ministros André Fufuca (Esporte) e Anielle Franco (Igualdade Racial) enviaram um documento à Conmebol exigindo ações rápidas e exemplares. Anielle destacou: “O racismo desumaniza e exige respostas firmes” 38.
- CBF: O presidente Ednaldo Rodrigues (primeiro negro a comandar a entidade) afirmou que a confederação pressionará a Conmebol por punições energéticas 110.
- Presidente Lula: Classificou o racismo como “fracasso da humanidade” e pediu intervenção da FIFA 8.
Desafios Jurídicos no Paraguai
Apesar de o Paraguai ter uma lei antirracismo desde 2022, especialistas apontam que a legislação é branda e limitada:
- Multas máximas de R$ 7,8 mil, sem previsão de prisão 9.
- A lei protege principalmente afrodescendentes residentes no país, o que dificulta a aplicação a estrangeiros como Luighi 9.
- Falta de ação local: A polícia paraguaia minimizou o caso, tratando-o como “provocação”, e o clube brasileiro optou por não registrar ocorrência devido à ineficácia das leis 6.
Repercussão Internacional e Pressão por Mudanças
A Conmebol anunciou multa de US$ 50 mil ao Cerro Porteño e proibiu torcedores em seus jogos na competição, mas o Palmeiras criticou a medida como “branda e insuficiente” 7. Enquanto isso, a FIFA prometeu investigar o caso, pressionada pelo governo brasileiro 78.
Jordana Araújo, comentarista do Sportv, ressaltou a urgência de ações concretas: “Não adianta placas ou campanhas vazias. Precisamos de políticas que eduquem e punam” 1.
Luighi: Um Símbolo de Resistência
O jogador, considerado uma das promessas do Palmeiras, tornou-se voz central no debate. Em entrevista ao Fantástico, revelou que sofre racismo desde a infância e destacou: “O futebol deveria ser um caminho para mudar isso, mas ainda há muito a ser feito” 7. Sua coragem inspirou até mesmo Gianni Infantino, presidente da FIFA, a classificar o episódio como “indignante” 7.
Conclusão: O Futebol Precisa Escolher seu Lado
O caso de Luighi expõe falhas estruturais no combate ao racismo no esporte. Enquanto torcedores e clubes sul-americanos usam a discriminação como “arma”, as punições seguem simbólicas. A mobilização sem precedentes de clubes, governos e jogadores, no entanto, sinaliza um possível ponto de virada. Como disse Marcelo Carvalho, do Observatório da Discriminação Racial: “Os atletas não vão mais silenciar” 2.
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